terça-feira, 7 de junho de 2011

Fazenda Santa Gertrudes ( parte 2 )

           Decidi, depois de terminar o colegial, ficar na fazenda com minhas cabras,carneiros deslanados e meu pangaré que eu amava chamado Cacau.Na época o cavalo árabe era tão raro que não se cogitava em castrar, nem ao menos um meio sangue pois inteiro ele serviria para a melhoria de éguas sem raça definida resumindo,éguas pangarés.
          Eu adorava minha vida na fazenda pois pescava com os colonos,dava cada susto nos empregados tanto da sede quanto os da fazenda e assombrava-os da maneira como eu podia, era a própria "tomboy".
          E,como eu tinha o dia inteiro só para mim,vivia de pele super dourada de tanto tomar sol.
          Um dia ,estava na piscina quando vi um animal branco sendo rodado na guia. Na época gente,não era costume fazer isso.
Subi para ver o que estava acontecendo e me falaram que a égua Malake NA estava com cólica como tudo dependia do veterinário,tive que ir até Itatiba para telefonar para ele e pedir orientação.O Dr. Tioca me falou que eu deveria dar 30ml de novalgina na veia dela que ele já estava a caminho.
          Eu, aplicar injeção na veia ?!Eu não tinha idéia de como fazê-lo,mas como ela dependia daquilo para melhorar,fiz como me foi explicado.Quando ele chegou a égua estava bem melhor daí o Dr. Tioca disse-me que ela tinha tido apenas um desconforto e que eu tinha agido certo.
          Foi assim que começou a história da Adélia como responsável pela criação do Nagib Audi.
          Um outro episódio:
          -Uma égua estava encocheirada rodando na baia e cavucando o chão preparando-se para parir durante o dia. Quando eu vi ,gritei que precisava de água quente e toalhas (eu via em filmes quando uma mulher estava dando a luz que o médico ou parteira sempre pediam isso). Eu nunca nem tinha visto um parto de uma égua e imagine como fiquei. O administrador foi chamar o vaqueiro,o Baiano,que tinha anos luz de ver partos de vacas e se preciso ajudava-as. Gente, eu nunca tinha visto nem uma vaca parindo quanto mais uma égua. Só cabras ,carneiros e cadelas!
         Este foi o primeiro de dezenas de partos que assisti e quando necessário ajudei. Mais tarde a assistência a partos foi ficando mais sofisticada (não sei se é a palavra certa), com teste de isoelitrólise, a primeira mamada enfim uma série de procedimentos que se tornariam necessários.
        A partir daí meu pai quase parou de tentar arrumar pretendentes para mim e me deixou quieta e feliz e em paz na fazenda para tomar conta da criação.
          Eu só não poderia assistir a coberturas! Pré-histórico,não é?
          Mas com o tempo se passando e eu ficando melhor na posição que ele me dera, as coisas viraram! Ele espantava quaisquer pretendentes,como se isso fosse necessário ...  já que eu tinha um arrepio na espinha quando se tratava de algum outro compromisso que não fossem os cavalos !

Um comentário:

  1. Muito linda a história uma vida dessa muda a vida das pessoas e oq falta hj uma criação de filhos livres no campo mas aprendendo na origem da vida

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